Fulinaíma origem e significados
Ela dormia oculta no inconsciente coletivo nasceu dentro do mato à beira da estrada dos Bandeirantes, me chegou como um vulcão relâmpago caldeirão fervendo. Seguia dentro de um fusca com Naiman, indo para o SESC Campinas para dirigir uma Oficina de Criação de Artifícios com foco na poesia experimental visual contemporânea.
Era
1996 tinha acabado de viver uma extraordinária experiência com os Retalhos
Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim e anteriormente a
Mostra Visual de Poesia Brasileira - Mário de Andrade – 100 Anos.
Tinha
passado os últimos 3 anos entre Campos dos Goytacazes, São Paulo, ABC(Santo
André, São Bernardo, São Caetano). Entre Macunaíma, Paulicea Desvairada e
Serafim Ponte Grande. Andava ainda entre os Alpharrabios, os grafitemas e
figuralidades, grávido de efervescências.
Ela
e seus derivados seus substratos, foram chegando e se tornando música, teatro,
livro, cinema, referências marca registrada em outras falas no caldeirão
de misturas. Foi se espalhando se espraiando entre palcos e computadores nos
papéis tecidos ao vento ganhando forma física corporal entre praças ruas e
estradas.
Até
que um belo dia de ano que não sei quando baixa em Pernambuco, no Recife pra
ser exato. Uma ex aluna da ex Escola Técnica Federal de Campos, ex
namorada que em 1987 atravessou comigo a Ciranda do Boi Cósmico no Ginásio de Esportes dos Caralhos Voadores, resolve criar a logomarca, e Dali nasce a Fulinaíma MultiProjetos .
Eis a origem, os significados? procurem pesquisem que não dou de graça. Não é para entortar cabeças é o que mora na minha. Que são os derivados transversais das travessias e travessuras tudo que me trouxe esse cavalo selvagem indomável de nome Tempo.
Goytacá
Boy 2
araraquara guaxindiba itaocara grumari
o que liga essas palavras ao
eu vocabulário
a carne índia o sangue a cachaça paraty
grussaí guarapary baia da guanabara
juntei meu goytacá seu guarani
tupi or not tupi
não foi a língua que ouvi em tua boca caiçara
capivari tucuruvi taubaté pindamonhangaba
piracicaba pirapora piraí paranapiacaba
vim da tapera carioca do roçado do aipim
cacomanga minha toca
meu coração ururaí
tupinambá goytacá tupiniquim
quanta selva quanta
mata desmatada
desde o dia que o português pisou aqui
para falar para lamber para lembrar
da sua língua arco íris litoral
como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda lágrima
que mãe chorara
para roçar para provar para tocar
na sua pele urucun de carne e osso
a minha língua tara
sonha cumer do teu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão que restou da Guanabara
juntei meu goytacá seu guarani
tupi or not tupi
não foi a língua que ouvi
em sua boca caiçara
gargaú guriri itapevi abapuru
minha musa antropofágica tem o nome de
pagu
tarcila anita d´alkmim itaim
guarujá piratininga itapetinga itaquera
quantas palavras ensanguentadas nas
taperas
santeiro do mangue minha pátria meu
tesouro
100 anos se passaram como vento
e são paulo transformou-se
nessa
selva de concreto uma cidade de cimento
no país da pandemônia
arte aqui faca amolada
navalha na língua
lâmina afiada entre dentes
se o cão lítico
é facista negacionista
vírus verme trapaceiro
sou filho mestre do jongo
aprendiz feiticeiro
minha mãe índia na luta
afro-dite mitológica
goytacá canibalesca
antropófoga vidente
me ensinou nobre feitiço
pra matar verme curisco
com o veneno da serpente
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