domingo, 3 de outubro de 2021

resumo

 


                                               poema 13

      

arranco mais uma pérola

do ventre de hilda triste

na porta da tua casa

meu poema ainda insiste

 

a menina que matou o tempo

o vento também comia

na lâmina o catavento

pra espantar a maresia

 

nas ruínas de santa teresa

era domingo de poesia

bateu uma pedra no rock

e nos levou na ventania


poema 17

com os dentes cravados na memória

para Flora Filipe Sofia Alice Isadora meus tesouros

 

I

 

por todos anos 80

ipanema 83 flora recém nascida

e eu chegando aos 40 

gomes carneiro  visconde de pirajá

bem próximo ao carinhoso

bartolo com seu trumpete

depois que a noite dormia

tocava  uma pérola negra

e beijava o novo dia

 

no boteco de onde estava

conselheiro lafaiete

refúgio da boemia

me acordou com seu trumpete

clarividência aflorava 

 sonoridade – melodia

logo depois era drummond

na praça general osório

pra enriquecer meu repertório

na pedra da poesia

 

 

 II

 

ipanema 84 filipe recém nascido

por esses tempos vividos

naquela  aldeia carioca 

com todo vapor barato 

 

na tribo os sete sentidos

nesses dentes da memória

os 5 presentes no corpo

outros 2 ganhos no tapa

pelas ruas de ipanema

ou pelos becos da lapa


poema 21

 

nos meus delírios baudeléricos

ou mesmo fossem baudelíricos

sonho teu corpo flor de cactos

como se fossem flor de lírios

 

toco teus pelos flor do mangue

pulsando sangue em teus martírios

penso teu sexo flor de lótus

sagrada flor dos meus delírios

                                                              resumo

 

ela tinha as mãos tão suaves que tocavam-se como quem tem a pele sob a chuva de setembro eu procurava colher maçãs no horto de Santa Maria Madalena olhava a montanha e lembrava-me de selvagem que fui aos olhos dela enquanto ainda vivia na tapera o meu cavalo deixava na porta da cidade escrevi sobre isso no poema quando o tempo rasgou meu corpo na calçada e trouxe-me folhas de papel em branco.


22 100 Anos Depois

 meu poema é esse objeto estranho feito de ferro de barro alumínio chumbo estanho

 nuvem pesada  por cima de cabeças ocas

flecha de  índio em tua cara pálida

 o brasil perdeu o pau a brasa destruiu - a casa

minha vida se não fosse poeta não estaria enfiando

a faca na tua ferida

não pertenço a esta tribo  a(r)mada de verde amarelo

a minha tribo é mais sacana  fulinaímica sagarana

canibal tupiniquim  venho da mata Cacomanga

das plantações do aipim

 antropófago goytacá

em overdoses Nu vermelho

meu coração DuBoi tatá

 Oswald de Andrade meu espelho

 nos roçados de mandioca

pra fabricar minha farinha

vivi   na tribo carioca

com  o Cordel da Lua Madrinha

nos carnavais do SerAfim

 

Gigi Mocidade 

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