poema 13
arranco mais uma pérola
do ventre de hilda triste
na porta da tua casa
meu poema ainda insiste
a menina que matou o tempo
o vento também comia
na lâmina o catavento
pra espantar a maresia
nas ruínas de santa teresa
era domingo de poesia
bateu uma pedra no rock
e nos levou na ventania
poema 17
com os dentes
cravados na memória
para Flora
Filipe Sofia Alice Isadora meus tesouros
I
por todos anos 80
ipanema 83 flora recém nascida
e eu chegando aos 40
gomes carneiro visconde de
pirajá
bem próximo ao carinhoso
bartolo com seu trumpete
depois que a noite dormia
tocava uma pérola negra
e beijava o novo dia
no boteco de onde estava
conselheiro lafaiete
refúgio da boemia
me acordou com seu trumpete
clarividência aflorava
sonoridade – melodia
logo depois era drummond
na praça general osório
pra enriquecer meu repertório
na pedra da poesia
II
ipanema 84 filipe recém nascido
por esses tempos vividos
naquela aldeia carioca
com todo vapor barato
na tribo os sete sentidos
nesses dentes da memória
os 5 presentes no corpo
outros 2 ganhos no tapa
pelas ruas de ipanema
ou pelos becos da lapa
poema 21
nos meus delírios baudeléricos
ou mesmo fossem baudelíricos
sonho teu corpo flor de cactos
como se fossem flor de lírios
toco teus pelos flor do mangue
pulsando sangue em teus martírios
penso teu sexo flor de lótus
sagrada flor dos meus delírios
resumo
ela tinha as mãos tão suaves que tocavam-se como quem tem a
pele sob a chuva de setembro eu procurava colher maçãs no horto de Santa Maria
Madalena olhava a montanha e lembrava-me de selvagem que fui aos olhos dela
enquanto ainda vivia na tapera o meu cavalo deixava na porta da cidade escrevi
sobre isso no poema quando o tempo rasgou meu corpo na calçada e trouxe-me
folhas de papel em branco.
22 100 Anos Depois
meu poema é esse objeto estranho feito de ferro de barro alumínio chumbo estanho
flecha de índio em tua cara pálida
minha vida se não fosse poeta não
estaria enfiando
a faca na tua ferida
não pertenço a esta tribo a(r)mada de
verde amarelo
a minha tribo é mais sacana fulinaímica sagarana
canibal tupiniquim venho da mata Cacomanga
das plantações do aipim
em overdoses Nu vermelho
meu coração DuBoi tatá
Oswald de Andrade meu espelho
pra fabricar minha farinha
vivi
na tribo carioca
com o Cordel da Lua Madrinha
nos carnavais do SerAfim
Gigi Mocidade
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