ê fome negra incessante febre voraz gigante
ê terra de tanta cruz
onde se deu primeira missa índio rima com
carniça
no pasto pros urubus
oh! My Brazyl
ainda em alto mar Cabral quando te viu foi
logo gritando: terra à vista! e de bandeja te entregando pra união
democrática ruralista.
por aqui nem só beleza nesses dias de paupéria
nação de tanta riqueza país de tanta miséria
Terra, antes
que alguém morra escrevo prevendo a morte arriscando a vida antes que seja
tarde e que a língua da minha boca não cubra mais tua ferida
entre aberto
em teus ofícios é que meu peito de poeta
sangra ao corte das navalhas e minha veia mais aberta é mais um rio que se
espalha
amada de
muitos sonhos e pouco sexo deposito a minha boca no teu cio e uma semente
fértil
nos teus seios como um rio
o que me dói
é ver-te devorada por estranhos olhos
e deter impulsos por fidelidade
ó terra
incestuosa de prazer e gestos não me prendo ao laço dos teus comandantes só me
enterro à fundo
nos teus vagabundos com um prazer de fera
e um punhal diamante
minha terra é
de senzalas tantas enterra em ti milhões de outras esperanças soterra em teus
grilhões a voz que tenta – avança plantada em ti como canavial que a foice corta
mas cravado em ti me ponho a luta mesmo sabendo – o vão estreito em cada porta
MOENDA
usina
mói a cana
o caldo e o bagaço
usina
mói o braço
a carne o osso
usina
mói o sangue
a fruta e o caroço
tritura suga torce
dos pés até o pescoço
e do alto da casa grande
os donos do engenho controlam
:
o saldo e o lucro
o preço
atual
proíbes
que me coma
mas pra
ti estou de graça
pra ti
não tenho preço
sou eu
quem me ofereço
a ti:
músculo e osso
leva-me à
boca
e
completa o teu almoço
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