sorocaba blues
o cheiro de terra fendida
ainda está sob os sapatos
a carne assada ao sol
na poeira das estradas
sobre o prato
o gosto que ficou na
boca
o pudor dos seus guardados
o orgasmo que não veio
depois do primeiro susto
virginia então em a mim
mastiga da minha carne
e deixa as sobras pros meus beijos
musicada e gravada por Reubes Pess
no CD AlmaFAZArte Rock And Blues
lugar de não sei onde
ancorei os meus cavalos
na boca da areia
as tripas retorcidas no galope
no areal a sinfonia
do ontem
um horizonte cinza
de um futuro que não chega
peixes flutuando
depois da asfixia
levo meus assombros
para um lugar de não sei onde
poema 5
para Jorge Ventura
a faca não cala do poema a fala
Dionísio Neto de Bacco
quem sabe filho de Zeus
jantou como a Santa Ceia
na casa de Prometeus
nas madrugada de Bento
lambeu o vinho nos seios
das Bacantes no convento
por todos poros do corpo
por todos pelos e meios
depois grafitou nas vidraças
com dedos de diamantes
a Rosa de Hirochima
num coração estudante
depois de romper o dia
por volta da seis e meia
era um coração de poeta
com poesia na veia
poema 10
meus caninos
já foram místicos
simbolistas
sócio políticos
sensuais eróticos
mordendo alguma história
agora são dentes famintos
cravados na memória
poema 11
escorre - nus
teus seios
espumas que jorrei
em tua boca
ainda existe algo
entre as coxas
e as costas
algas - água
o sal da língua
que lambeu a tua ostra
poema
12
tem algo errado
nessas estatísticas de mortes
dessa pandemia
multipliquem 60.000 X
10
e ainda não vai ser exato
o número de cadáveres
empilhados nos campos de concentração
que transformaram esse país
que nunca foi uma nação
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