sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

serAfim 2 - rúbia querubim a desejada de federico baudelaire

serAfim 2 -                 rúbia querubim a desejada de federico baudelaire

 quieta aqui nessa solidão capixaba quantas vezes me vem em sonhos ou alucinações contemporâneas tudo o que não fui eu não era a bruna beber muito menos débora seco mas ele gostava até queria que fosse assim como biúte me chamava de vários nomes ao mesmo tempo aquela profusão de palavras como inseto em volta da lâmpada e os cálices nos lençóis de algodão as vezes linho para atiçar nossa luxúria com a contribuição da enel que nos deixava quase sempre no escuro na guarapari do espírito santo uma noite ele passou o tempo todo lendo pagu no meu ouvido e macabea não se conforma por ter sido deixada de lado nas artes cínicas do presídio federal de brazilírica trafega com seus fantasmas pelos corredores falando para o vento que entra pelos buracos das fechaduras

 

nasci no dia nacional do samba talvez por isso aos 15 entrei para mocidade independente de padre olivácio – a escola de samba oculta no inconsciente coletivo instituição criada pelo intrépido artur gomes uma filial da igreja universal do reino de zeus pastor de andrade o antropófago não anda muito satisfeito com meu comportamento a frente da bateria da escola mas como sou capixaba e não amo capixaba e a única coisa de capixaba que gosto é a torta e o quibe de peixe amor com capixaba não faço já disse isso milhão de vezes mas faço amor não faço guerra e quem quiser que me queira por essa terra inteira


 não conheço

mas é como

se conhecesse

 

disse-me ontem

a psicóloga

 

antes que

amanhecesse

 

depois de uma noite

de trégua

depois de passar a régua

 

na direção dos caminhos



https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

 


vampiro goytacá

canibal tupiniquim

             poesia muito prosa

viagens metafóricas por realidades reinventadas

 

 veraCidade

 

por quê trancar as portas tentar proibir as entradas se já habito os teus cinco sentidos e as janelas estão escancaradas ? um beija flor risca no espaço algumas letras de um alfabeto grego signo de comunicação indecifrável eu tenho fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos quando piso na augusta o poema dá um tapa na cara da paulista flutuar na zona do perigo entre o real e o imaginário joão guimarães rosa caio prado martins fontes um bacanal de ruas tortas eu não sou flor que se cheire nem mofo de língua morta o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci com os seus dentes de concreto são paulo é quem me devora   selvagem devolvo a   dentada na carne da rua aurora

 

serAfim 1 -                  Artur Gomes

 

 para ademir assunção

um nome escrito no vento

 

não quero o sentido normal

da coisa como me aparenta

quero a realidade

exatamente como a gente inventa 

 

     no concreto do abstrato

na argamassa do concreto

sou

vampiro bêbado de sangue

assassinei os alfarrábios

para inventar meu alphabeto


tempo de poesia

para renata magliano

 

lancei o tempo

numa agulha da fresta

 

ainda bêbado de ontem

bebo as trina e cinco pausas

de uma mulher em chamas

que ainda não conheço

 

o tempo me dirá o endereço

como metáfora ou alquimia

 

e sendo drama ou festa

tempo de poesia

é o que nos resta

 

vamos comer mastigar chupar beber

devorar  deglutir cuspir escrever  xingar falar sobreviver  sobrevoar os telhados  de todos os fantasmas  goytacá  ancestrais  invadir os palácios de todos tupiniquins canibais  mesmo que o templo esteja escuro não me mostre o que preciso não quero perder o meu  juízo nos currais de assombradado tem um morcego nas cancelas principais vamos pichar nos muros : sem justiça não haverá paz

 

 no lado esquerdo

do peito

o direito não conforta
nem comporta a estrada
que preciso

nu poema 

a porta
que se abre
a procura do inciso


31 janeiro 2010

era um domingo de sol rock and roll e poesia irina gozou comigo quando beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras dentro do severina o famoso botequim mais uma vez me beijou e bem ali no pé do ouvido me falou assim:

 - vamos pra saideira

meu vampiro goytacá

canibal tupiniquim meu serafim

 

a saideira foi itacoatiara itaipu

 

engenho do mato dentro

engenho de dentro fora

quando penso que clara está vindo

irina já foi embora

 

o barro de alguns barracos  continuam entranhados na carne com seus  nomes tapera cacomanga cupim queimado cambaíba ururaí olinda morro grande santa cruz quilombo lagamar guriri trago a poeira na sola dos meus pés o sangue das pessoas trouxe impregnados nas  unhas vampiro  goytacá canibal  tupiniquim 

no  branco do papel deponho a faca a foice navalha canivete já fui moleque pivete das esquinas dos bordéis da rua do vieira paraíso perdido joazeiro coqueirinho nas mallarmargens da br

já fui do breque dos pandeiros das cuícas do couro cru na carne viva goytacá boy perdido na paulista  roubei poemas do piva para vender nas lanchonetes mar a vista em bertioga e o coisa ruim do ademir continua na ponta da língua da memória

 quando  criança brincava nos sonhos com cobras de pique esconde no porão da casa onde aprendi a enxergar   clara/luz na escuridão quando seus olhos de vidro

 viraram espelhos para os meus numa madrugada  27 agosto  1948 datas também me acompanham desde que vi o primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu 

quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas fronteiras cerveja com caldo de piranha  a dona de um bordel no pantanal chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra boa vista

 

 tem noites que a lua cheia me chega com sangue entre os dentes com aquele gosto de veneno escorrido das serpentes tem dias que as serpentes me chegam com gosto de lua cheia


a mulher dos sonhos me deixou de quatro a ver navios com pavio aceso essa palavra incendeia os poros pelos orifícios esse meu ofício de perfurar na carne o que não cabe in-verso nem por um segundo nem por um milímetro nesse acampamento logo depois da febre como marimbondo provo o teu veneno

quem me vê

assim

tão comportado

não sabe

o que se passa

aqui no centro

 

não sabe do vulcão

em erupção

nesse serTão

do mato dentro

 

  a traição das metáforas

para juliana stefani

 

dandara ainda mora

naquela beira  de estrada

com seu vestido amarelo

no rio grande do sul

mesmo que não esteja

ainda a vejo

atravessando a calçada

saindo do carro azul

abrindo o portão da casa

de 7 portas douradas

 com mil  garrafas de vinho

psicografadas na sala

por algum poeta dos pampas

que escreveu por aquelas rampas

o que testemunhou nos vinhedos

quando italianos chegaram

nas serras dos meus segredos



https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

sábado, 25 de novembro de 2023

iriri do espírito santo

quieta aqui nessa solidão capixaba quantas vezes me vem em sonhos ou alucinações contemporâneas tudo o que não fui eu não era a bruna beber muito menos débora seco mas ele gostava até queria que fosse assim como biúte me chamava de vários nomes ao mesmo tempo aquela profusão de palavras como inseto em volta da lâmpada e os cálices nos lençóes de algodão as vezes linho para atiçar nossa luxúria com a contribuição da enel que nos deixava quase sempre no escuro na guarapari do espírito santo uma noite ele passou o tempo todo lendo pagu no meu ouvido e macabea não se conforma por ter sido deixada de lado nas artes cínicas do presídio federal de brazilírica trafega com seus fantasmas pelos corredores falando para o vento que entra pelos buracos das fechaduras irina ainda nem me conhece e meu diário escrito em aramaico me persegue 

não sou eu mas parecia e ser bem que poderia soube que um poeta em sampa  anda me olhando com olhos de desejos que me arrepiam atiçando as tentações faço de tudo para que Baudelaire não saiba pois do jeito que o Federico anda ultimamente é capaz de me esganar se desconfiar desses olhares de fogo



nasci no dia nacional do samba talvez por isso aos 15 entrei para Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo instituição criada pelo intrépido Artur Gomes uma filial da Igreja Universal do Reino de Deus Pastor de Andrade não anda muito satisfeito com  meu comportamento a frente da Bateria da Escola mas como sou capixaba e não amo capixaba e a única coisa de capixaba que gosto é a torta e o quibe de peixe amor com capixaba não faço já disse isso milhão de vezes mas faço amor não faço guerra e quem quiser que me queira por essa terra inteira 


terça-feira, 21 de novembro de 2023

Sarau Gente de Palavra Paulistano Homenageará Artur Gomes

 


SARAU GENTE DE PALAVRA PAULISTANO homenageará Artur Gomes, também conhecido como Artur Fulinaíma, poeta irrequieto que faz uma poesia política, antropofágica, nonsense, musical, polifônica. segundo observação de Adriano Moura, autor do prefácio. O livro O HOMEM COM A FLOR NA BOCA será lançado numa festa da poesia viva, no próximo dia 29 de novembro, a partir das 19 horas, na Patuscada-Livraria&Café. Sinta-se convidado para essa festa.

 

Rubens Jardim

leia m ais no blog

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


 

Dia 29, quarta-feira, a partir das 19:30, será a vez desse ser arretado e impressionante que está completando 50 anos de poesia! Artur Gomes, autor (entre tantos outros) do premiado PÁTRIA A(R)MADA, Desconcertos Editora, será homenageado pelo GENTE DE PALAVRA PAULISTANO, sob a batuta dos grandes Cesar Augusto de Carvalho e Rubens Jardim, e lançará seu mais recente O HOMEM COM A FLOR NA BOCA! No PATUSCADA, Rua Luis Murat, 40 - Pinheiros - São Paulo.

 

Claudinei Vieira

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https://fulinaimargem.blogspot.com/

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

O Homem Com A Flor Na Boca


 O ator, produtor, videomaker e agitador cultural Artur Gomes acumula uma bagagem de 50 anos de carreira com prêmios nacionais e internacionais em teatro, música, literatura e artes gráficas. Gomes poderia se filiar na tradição literária dos chamados poetas malditos, como comumente e simplistamente nos referimos àqueles autores que constroem uma obra “rebelde” em face do que é aceito pela sociedade, vista como meio alienante que aprisiona os indivíduos em normas e regras. Tais autores rejeitam explicitamente regras e cânones. Rejeição que se manifesta-se também, com a recusa em pertencer a qualquer ideologia instituída. A desobediência, enquanto conceito moral exemplificado no mito de Antígona é uma das características de tais sensibilidades poéticas, que no Brasil já vem de longe com um Gregório de Mattos e ganhou impulso e seguidores com o famoso trio da “parafernália” rebelde: Verlaine, Baudelaire e Rimbaud.

      Já tivemos oportunidade de observar em outras obras do autor, que suas construções poéticas seguem sempre renovadas para cima em matéria de criatividade, elencando uma variada diversidade temática que aborda, sempre em perspectiva ousada e radical, desde o doce e suave sentido do amor, ao cruel da relação amorosa, flertando com o libidinoso, e questões existenciais que expressam indignação, desobediência e transgressão. É que, explica ele: “arde em mim / um rio / de palavras / corpo lavas erupção / mar de fogo / vulcão”.  Outra faceta do autor, digna de nota, é a criação de vários heterônimos como sejam Federico Baudelaire, EuGênio Mallarmè ou Gigi Mocidade, talvez a mais irreverente de todos, porque fala a bandeiras despregadas, sem papas na língua. “Muitas vezes a língua pulsa pula para o outro lado do muro outras vezes a língua pira punk nesses tempos obscuros às vezes a língua Dada vai rolando dados nesse jogo duro muitas vezes a língua dark jorra luz nas trevas desse templo escuro”. 

E aqui temos afinal, mais uma obra desse múltiplo e incansável poeta que caminha com uma flor na boca, símbolo universal de amor, de paz e beleza. A ele não importa verdadeiramente por quais meios: “se sou torto não importa / em cada porta risco um ponto / pra revelar os meus destroços / no alfabeto do desterro / a carnadura dos meus ossos”. É poética que, para além de perquirir as dores e delícias da condição humana em si, envereda pelo viés de nossa condição social sempre ultrajada. Encontramos um poema que nos pergunta: “quem se alimenta / dessa dor / desse horror / desse holocausto // desse país em ruínas / da exploração dessas minas / defloração desse cabaço // quem avaliza o des(governo / simboliza esse fracasso?”

Artur Gomes segue sua árdua caminhada, agora com o poderoso concurso da maturidade que lhe chega. Segue emprestando sua voz aos deserdados, aos desnutridos, aos que têm sede, aos que têm fome, ou aos que morrem assassinados nos guetos, nos campos, nas cidades por balas de fuzil, desse país que tarda em referendar a cidadania.

Krishnamurti Góes dos Anjos - Escritor e crítico literário.



31 janeiro 2010

era um domingo de sol rock and roll e poesia Irina gozou comigo quando beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras dentro do severina o famoso botequim mais uma vez me beijou e bem ali no pé do ouvido me falou assim:

 

- vamos pra saideira

meu vampiro goytacá

canibal tupiniquim meu serafim

 

a saideira foi itacoatiara itaipu

 

engenho do mato dentro

engenho de dentro fora

quando penso que clara está vindo

irina já foi embora

 

na argamassa

do abstrato

no abstrato

do concreto

sou

um vampiro bêbado de sangue

que assassinou os alpharrábios

para inventar seu alphabeto

 

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domingo, 12 de novembro de 2023

Juras Secretas

Jura secreta 56

 ainda que fosse viagem

de metrô ou fantasia
e o assunto que eu mais queria
fosse o que não dissesse

e o mar apenas trouxesse
gaivotas sobre os cabelos
vento sol maresia
e o líquido que não bebemos
fosse conhac ou cerveja

mesmo assim a vida seja
entre o que os pelos lateja
o que a tua boca não fala
o que a tua língua não prova
e a prova das dezessete
te levasse mais cedo

inda assim não tenha medo
a palavra entre meus dedos
é o que ainda não disse
miragem essa coisa nova
agora revisitada
naquela hora marcada
de tudo o que não fizemos

 

Artur  Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux - Guaratinguetá-SP

2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

 

 Jura secreta 57

meta metáfora no poema meta

como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico prumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste

como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em prumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux- 2018

incorporação

incorporação para Igor Fagundes esse poema bárbaro com fonema brazilírico vai fazer meu aramaico incorporar o seu delírico palavras ...