atentado poético
mesmo se eu estivesse nua você nunca saberia quem eu sou
muitas vezes diante do espelho essa
coisa trans/vestida com a espada de Ogum Beira Mar eu tenho o sal entranhado em
minhas coxas e o veneno na língua como um poema/pomba gira que não é da paz um artefato anti/bélico que
pode explodir neste instante em que ela pode muito bem e quer enquanto você me
V(l)ER.
Federika Lispector
essa paz não me interessa
as letras dançam na retina
vertigem delírio alucinações
íris dandara a carne de segunda
nesta manhã/domingo
descasco ovas de guaiamuns encarceradas
onde a barra fede
marés e rios de promessas
argamassas no abstrato
que não se concreta
mesmo fosse essa jura em linha reta
meu coração não é balcão de negócios
nem recipiente para pílulas de auto/ajuda
meu coração vadio
leviano
um tanto quase
enganador
anda sempre no cio até sangrar
o amor da caça
quando se teima em caçador
mulher dos sonhos
ela ainda guarda na boca este poema
entre os dentes a língua saliva sílaba por sílaba as palavras que invento ela
fala em meus versos ao sabor do vento enquanto freud não explica o que ainda
não fizemos ela mastiga meus biscoitos finos e vê nos búzios minhas mãos de
fogo quando tem no livro este incenso aceso as entre minhas nas entre linhas
dela e salta das metáforas por entre portas e janelas
a barra
o rio é uma passagem
para encarar a barra
de frente
a rede pode prender o peixe
mas não me prende
os dentes
mulher dos sonhos
pesadelo ou Freud explica?
ontem sonhei com a mulher dos
sonhos não era minha mas procurei saber quem era encontrei o endereço e ela não
estava. a governanta me falou que estava em búzios. não a vi mas ouvi uma voz e
me dizia: - todo escrito deve ser falado todo livro deve ser bem lido e quem
fala deve ser bem escutado - o telefone toca não atendo nem sei quem está do
outro lado - deu pra ver dois olhos de búzios na areia ainda molhada pela
espuma das ondas e o vai e vem me deu um susto.
era ela toda de branco lenço azul nos cabelos 3 contas de vidros nas mãos
quando percebi quem era acordei.
Rúbia Querubim
passageira da poltrona ao lado
o
coração entende a sensação do seu olhar flertando a câmera o sentido está aberto na viagem
onde a surpresa não tem planos e a arte é puro acaso do que possa acontecer na engenharia dos músculos que se movem inconscientes onde poema quase houver
afrodite se quiser
Zeus me fez fulinaímica
neta de Macunaíma
bisneta de Baudelaire
Gigi Mocidade
grafitemas e figuralidades
estou escrevendo um mini conto um
grafitema com figuralidades não é coisa de cinema a mais nua e crua realidade
certa noite ela me veio não era sonho era uma noite de chuva com seus dois
grandes olhos e mãos tão pequenas como quem grafita na areia um espelho d´água
à beira mar na lua cheia vinha vestida de letras como o som da flauta de bambu
dentro do fonema veio de longe da outra margem do rio dentro da tapera o cauim
me trouxe na tigela bebi como índio na hora que vê nascer o filho beijei teus
cabelos de milho e ela me perguntou o que era
mini
conto - a faca
poesia não é manchete de jornal para espremer escorrer sangue
mas e o poema não pode ser facada que entra na carne mas não sangra como aquela
em Juiz de Fora que até agora ninguém me explicou o melodrama estava li e não
vi Adélio no curral do tal comício palanque armado para levar o brazyl a uma
quaderna - pra fazer do país um
precipício
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