domingo, 3 de outubro de 2021

afrodite se quiser

   


                                  
atentado poético

 

mesmo se eu estivesse nua você nunca saberia quem eu sou muitas vezes  diante do espelho essa coisa trans/vestida com a espada de Ogum Beira Mar eu tenho o sal entranhado em minhas coxas e o veneno na língua como um poema/pomba gira  que não é da paz um artefato anti/bélico que pode explodir neste instante em que ela pode muito bem e quer enquanto você me V(l)ER.

 

                                              Federika Lispector 


 essa paz não me interessa

 

as letras dançam na retina

vertigem delírio alucinações

íris dandara a carne de segunda

nesta manhã/domingo

descasco ovas de guaiamuns encarceradas

onde a barra fede

marés e rios de promessas

 

argamassas no abstrato

que não se concreta

mesmo fosse essa jura em linha reta

meu coração não é balcão de negócios

nem recipiente para pílulas de auto/ajuda

 

meu coração  vadio leviano

um tanto    quase enganador

anda sempre no cio até sangrar

o amor da caça

quando se teima em caçador

 

 mulher dos sonhos        

 

ela ainda guarda na boca este poema entre os dentes a língua saliva sílaba por sílaba as palavras que invento ela fala em meus versos ao sabor do vento enquanto freud não explica o que ainda não fizemos ela mastiga meus biscoitos finos e vê nos búzios minhas mãos de fogo quando tem no livro este incenso aceso as entre minhas nas entre linhas dela e salta das metáforas por entre portas e janelas


a barra

 

o rio é uma passagem

para encarar a barra

                       de frente

 

a rede pode prender o peixe

mas não me prende

                        os dentes


mulher dos sonhos

pesadelo  ou  Freud explica?

 

ontem sonhei com a mulher dos sonhos não era minha mas procurei saber quem era encontrei o endereço e ela não estava. a governanta me falou que estava em búzios. não a vi mas ouvi uma voz e me dizia: - todo escrito deve ser falado todo livro deve ser bem lido e quem fala deve ser bem escutado - o telefone toca não atendo nem sei quem está do outro lado - deu pra ver dois olhos de búzios na areia ainda molhada pela espuma das ondas e o vai e vem me deu um susto. era ela toda de branco lenço azul nos cabelos 3 contas de vidros nas mãos quando percebi quem era acordei.

 

                                                                    Rúbia Querubim

 


passageira da poltrona ao lado

 

a passageira da poltrona ao lado
observa a paisagem atentamente na janela
meus olhos focam o seu perfil na tela
meu dedo aciona o dispositivo do zoom
para ter a sua imagem mais de perto

o coração entende a sensação do seu olhar flertando a câmera o sentido está aberto na viagem onde a surpresa não tem planos e a arte é puro acaso do que possa acontecer na engenharia dos músculos que se movem inconscientes onde poema quase houver

 

na miragem oculta numa manhã de sexta
depois de noite inteira de cerveja para perder o sono
sem saber que na poltrona ao lado na luz desta miragem  iria amanhecer

  

    afrodite se quiser

 

Zeus me fez fulinaímica

neta de Macunaíma

bisneta de Baudelaire

 

                                               Gigi Mocidade


grafitemas e figuralidades

estou escrevendo um mini conto um grafitema com figuralidades não é coisa de cinema a mais nua e crua realidade certa noite ela me veio não era sonho era uma noite de chuva com seus dois grandes olhos e mãos tão pequenas como quem grafita na areia um espelho d´água à beira mar na lua cheia vinha vestida de letras como o som da flauta de bambu dentro do fonema veio de longe da outra margem do rio dentro da tapera o cauim me trouxe na tigela bebi como índio na hora que vê nascer o filho beijei teus cabelos de milho e ela me perguntou o que era


mini conto - a faca

 

poesia não é manchete de jornal para espremer escorrer sangue mas e o poema não pode ser facada que entra na carne mas não sangra como aquela em Juiz de Fora que até agora ninguém me explicou o melodrama estava li e não vi Adélio no curral do tal comício palanque armado para levar o brazyl a uma quaderna - pra fazer do país um   precipício

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