obscuro objeto do desejo
de pedra dourada ficaram portas janelas
de entradas e saídas a sedução de dois olhos em
minha carne proibida nem tanto pelo o que
falo nem tanto pelo que sinto a vodka a cereja o conhac o abismo o
labirinto
de pedra dourada ficou um café
orgânico no teu sertão encantada numa manhã de domingo do outro lado da trilha com
tanta veracidade que me esqueci da idade e me apaixonei por tua filha
de pedra dourada ficaram olhos
acesos do outro lado a janela o espelho as contas de vidro o jogo da sedução a
maravilha os passeios nas cachoeiras
os banhos de bar o carnaval aquela delícia louca o batom na minha língua o
cheiro das flores do mal
meu bem-me-quer na tua boca
tragédia infame
empresto minha voz aos deserdados
os desnutridos os que não tem pela manhã café com pão e sobre a mesa no almoço nem
mesmo a mesa e essa pergunta pra resposta que não vinha nem bolinho de chuva nem broa de milho nem
carne seca com farinha
espinha de peixe na garganta é o
que sobrou pra curuminha - empresto meu corpo minha voz a esses personagens os que tem sede os que tem
fome ou que morrem assassinados nos guetos nos campos nas cidades por balas de canhão
rajadas de fuzil
estás fudido brasil entregue as traças então me resta exterminar
o nome o sobrenome o apelido do causador dessa desgraça
Federico
Baudelaire
Mestre Sala da Mocidade
Independente de Padre Olivácio - A
Escola de Samba Oculta no InConsciente Coletivo – Bispo da Igreja Universal do
Reino de Zeus
ancestral
há muito tempo não recebo
cartas de ninguém
mas não rezo padre nossos
simplesmente para dizer amém
já fui católico rezei terços
ladainhas
acompanhei a procissão dos afogados
na Tapera
para soletrar a palavra Cacomanga
e entender que o barro da cerâmica
trago grudado na minha íris retina
meu batismo de fogo
foi numa Santa Cecília
entre víboras e serpentes
mordi a hóstia do padre
sua saia preta me levou ao pânico
de sonhar com juízes
e hoje saber o que são
minha África
são os olhos negros
de Madame Satã
na língua tenho uma sede felina
na carne essa fome pagã
sou um homem comum
filho de Ogum com Iansã
língua
minha língua é safada nua e crua não gasta palavra a toa não
canta palavra gasta nem é fado de Lisboa
é blues rasgado pedra de toque samba rock plug ligado no navio
ou na canoa bebe do Rio e de Sampa nos demônios da garoa
fio desencapado tensão eletricidade tesão canibalidade na
voracidade da Pessoa
mamãe coragem
numa canção do Lenine o peixe está na rede o mar está com sede o rio agora chora onde esta cidade pedra veracidade
medra eu te esfinjo drama
onde a ferocidade Fedra eu te desejo deda eu te devoro dama
pensando a trama Torquato eu disse mamãe coragem
a vida é sagaranagem na elegia da hora fulinaíma
é viagem te levo na minha bagagem não chora mamãe não chora
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