quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Terra

 


TERRA

 

o que me dói

é ter-te

devorada por estranhos olhos

e

deter impulso por fidelidade

 

amada de muitos sonhos

                      e pouco sexo

deposito a minha boca

nu teu cio

e uma semente fértil

nos teus seios como um rio

 

URBANUS

 

debruçam no meu peito

sinais de sonhos, marcas

de fracasso

 

trafega entre meus dentes

         vinhoto nas gengivas

         saliva no bagaço

 

entre os bueiros

do meu ventre

coração em carne viva

sangra do homem

         seus pedaços

 

ó terra incestuosa

de prazer e gesto

não me prendo ao laço

dos teus comandantes

 

só me enterro a fundo

nos teus vagabundos

com um prazer de fera

e um punhal de amante

 

USINA

 

rente à palha  dos aceiros

o suor escorre à face

nas entranhas do nariz

 

e no solar da casa grande

é uma tarde de festas

regada a vinhos de Paris

 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições - 1985

www.fulinaimargens.blogspot.com



Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

www.fulinaimicamente.blogspot.com

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