quinta-feira, 27 de outubro de 2022

poética 42

 


Poética 42


Era uma menina 

vestida de outubro
atravessando a rua
com um girassol no  vestido

suas mãos beijavam o vento
como fossem  beija-flor


meus olhos mergulhados
na paisagem
entre os olhos da menina
e o espelho do retrovisor

foto.grafei naquela tarde
o branco  do  vestido
e o girassol daquele dia
para me habitarem
seja lá por onde eu for

Federico Baudelaire

www.personasarturianas.blogspot.com



           Deusas de Marfim

 

Minha primeira parceria com Paulo Ciranda. Deusas de Marfim foi inspirada em Angélica, minha primeira sereia que conheci no acampamento em Guaxindiba no carnaval de 1974. Nosso namoro fugaz acontecia nos bosques e florestas próximos ao acampamento. Teve sua primeira publicação no Jornal do Comércio, que era editado por Edgard Coelho dos Santos, pai do nosso querido amigo Hélio de Freitas Coelho.

 

DEUSAS DE MARFIM

 

ruas e florestas

estrelas incendiárias

bosques e serestas

luas imaginárias

 

ruas e florestas

céus inavegáveis

bosques e serestas

vozes inconsoláveis

 

cegas que não olharam

surdas que não ouviram

umas que enxotaram

outras que consumiram

 

ruas e florestas...

 

ecos que se fecharam

egos que emudeceram

janelas que não se abriram

portas que se bateram

 

ruas e florestas...

 

ouvidos que não ouviram

olhos que escureceram

bocas que não amaram

do amor se esconderam

 

ruas e florestas...

 

Artur Gomes/Paulo Ciranda / 1974

(Nos encontramos na rua 21 de abril e você me deu um recorte de jornal com esse poema, melodiei e assim começamos nossa parceria...

Abraços -  Ciranda)



se eu não beber teus olhos

não serei eu nem mais ninguém

 

quando beijar teus lábios

desço garganta mais além

 

quando tocar teu íntimo

onde o desejo é mais intenso

 

jura secreta não penso

bebo em teus cios também



manguinhos


poema em linha torta

 

geograficamente lapa para mim são 3

em campos no rio e em sampa

em mil novecentos e noventa e seis

quando publiquei sampleando

pela primeira vez uma ninfeta paulista

me perguntou onde era a lapa do poema

de manguinhos lhe respondi

:

o poema pode ser um beijo em tua boca

 

há tempos não tenho paciência  

para respostas concretas

se no poema o poeta faz referências

a estação da luz av. paulista

consolação água branca barra funda

essa lapa só pode ser em sampa

né cara pálida ninfeta analfabeta


 Federico Baudelaire

https://www.facebook.com/federicoduboi



gargaú

 

aqui signos

não casam com significados

cada um segue sua trilha

cada um segue seu atalho

eita povo pacato pra caralho

assombro sobe em minha telha

e

com a língua/navalha carNAvalho

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux - 2020

www.secretasjuras.blogspot.com

 

guaxindiba

 

aqui

passávamos carnaval na juventude e éramos recebidos com grande amor onde acampávamos no quintal do pescador 5 da madruga íamos colher rede do pescado e passávamos a semana comendo  peixe assado no buraco de areia com cachaça cerveja e mariola  em guaxindiba conheci a minha primeira sereia angélica flor do bosque e foram anos de luas e serestas ruas e florestas estrelas incendiárias

 

Artur Gomes Fulinaíma

fulinaimicamente

www.fulinaimicamente.blogspot.com


varri a enxada na tiririca

mas a batata da desgraçada

 fincada na terra

ainda fica 

 

Artur Gomes

www.fulinaimargem.blogspot.com 




Pátria A(r) mada

www.arturgumesfulinaima.blogspot.com

 



Nação Goytacá

www.fulinaimargem.blogspot.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

incorporação

incorporação para Igor Fagundes esse poema bárbaro com fonema brazilírico vai fazer meu aramaico incorporar o seu delírico palavras ...