Poética 42
Era uma menina
vestida de outubro
atravessando a rua
com um girassol no vestido
suas mãos beijavam o vento
como fossem beija-flor
meus olhos mergulhados
na paisagem
entre os olhos da menina
e o espelho do retrovisor
foto.grafei naquela tarde
o branco do vestido
e o girassol daquele dia
para me habitarem
seja lá por onde eu for
Federico Baudelaire
Deusas de Marfim
Minha primeira parceria com Paulo Ciranda. Deusas de Marfim foi inspirada em Angélica, minha primeira sereia que conheci no acampamento em Guaxindiba no carnaval de 1974. Nosso namoro fugaz acontecia nos bosques e florestas próximos ao acampamento. Teve sua primeira publicação no Jornal do Comércio, que era editado por Edgard Coelho dos Santos, pai do nosso querido amigo Hélio de Freitas Coelho.
DEUSAS DE MARFIM
ruas e florestas
estrelas incendiárias
bosques e serestas
luas imaginárias
ruas e florestas
céus inavegáveis
bosques e serestas
vozes inconsoláveis
cegas que não olharam
surdas que não ouviram
umas que enxotaram
outras que consumiram
ruas e florestas...
ecos que se fecharam
egos que emudeceram
janelas que não se abriram
portas que se bateram
ruas e florestas...
ouvidos que não ouviram
olhos que escureceram
bocas que não amaram
do amor se esconderam
ruas e florestas...
Artur Gomes/Paulo Ciranda / 1974
(Nos encontramos na rua 21 de abril e você me deu um recorte de jornal com esse poema, melodiei e assim começamos nossa parceria...
Abraços - Ciranda)
se eu não beber teus olhos
não serei eu nem mais ninguém
quando beijar teus lábios
desço garganta mais além
quando tocar teu íntimo
onde o desejo é mais intenso
jura secreta não penso
bebo em teus cios também
manguinhos
poema em linha torta
geograficamente lapa para mim são 3
em campos no rio e em sampa
em mil novecentos e noventa e seis
quando publiquei sampleando
pela primeira vez uma ninfeta paulista
me perguntou onde era a lapa do poema
de manguinhos lhe respondi
:
o poema pode ser um beijo em tua boca
há tempos não tenho paciência
para respostas concretas
se no poema o poeta faz referências
a estação da luz av. paulista
consolação água branca barra funda
essa lapa só pode ser em sampa
né cara pálida ninfeta analfabeta
Federico Baudelaire
https://www.facebook.com/federicoduboi
gargaú
aqui signos
não casam com significados
cada um segue sua trilha
cada um segue seu atalho
eita povo pacato pra caralho
assombro sobe em minha telha
e
com a língua/navalha carNAvalho
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux - 2020
www.secretasjuras.blogspot.com
guaxindiba
aqui
passávamos carnaval na juventude e éramos recebidos com grande amor onde acampávamos no quintal do pescador 5 da madruga íamos colher rede do pescado e passávamos a semana comendo peixe assado no buraco de areia com cachaça cerveja e mariola em guaxindiba conheci a minha primeira sereia angélica flor do bosque e foram anos de luas e serestas ruas e florestas estrelas incendiárias
Artur Gomes Fulinaíma
fulinaimicamente
www.fulinaimicamente.blogspot.com
varri a enxada na tiririca
mas a batata da desgraçada
fincada na terra
ainda fica
Artur Gomes
www.fulinaimargem.blogspot.com
Pátria A(r) mada
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