o poema senhores
nem fede nem cheira
Ferreira Gullar
a
pedra no rio que não voa
se arrasta entranhada
na alma da pessoa
Rúbia Querubim
poema obsceno
toda manhã de domingo
faz-se um formigueiro
frente ao bar do local
para brigas de canários
ou então papa capim
é o fim
manter pássaros presos
indefesos
em gaiolas de bambu
ou então de grumarim
há tempos não frequento
esse circo de cavalinhos
para me divertir
trepo na goiabeira do vizinho
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o
último goytacá
quando te tocar
é pra alvoroçar os teus cabelos
eriçar teus pelos
molhar os teus mamilos de saliva
com essa língua viva
aqui na minha boca
o último goytacá
um feiticeiro – resistente
mastiga os mamilos da musa
armado de poesia até os dentes
A Traição Das Metáforas 2
Hoje amanheci como naquela madrugada no hotel Dalonder
procurando a estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco da
cidade alta. tenho desejos de bento vinho uva sua carne trêmula pelos anos de esperar
outubros novembro outro na porta do hotel tuas costas nua a contra luz frente a
janela metáforas de fogo incendiando nossos medos tua língua nua molhada de
cerveja na mesa de sinuca o segredo escrito em poesia sagrado tempo em que te
dizer podia sem que ele rasgasse a página onde o poema estava escrito.
Federico
Baudelaire
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a musa
do guarda chuva
a musa do guarda chuva não mora mais aqui nem desfila em
minhas performances no teatro municipal baby magrelinha se mudou para Santo André
depois da tarde de chuva era um sábado de tropicnAlices e Carolina na outra
ponta do tapete todo grafado em poesia a orquestra tocou uma valsa dançamos a
distância no meio do povo antes da chegada de Pirandello na voz de Monica
Cardela ainda não havia O Homem Com A Flor Na Boca só algum tempo depois Cacá
de Carvalho me apresentou na Sala Maria Antônia numa semana da USP tenho
desejos de Sampa hoje amanheci com a traição das metáforas enroladas em minha
garganta coloco o vinil na vitrola enquanto Cássia Eller me canta.
Artur
Gomes Fulinaíma
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gravura
jura secreta quase não escrita
como se ainda estivesse perto
sob os lençóis de linho
e o tinto vinho colorindo
nossas línguas
Artur Gomes
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se a clara fosse santa
e água fosse clara
não seria essa a imagem
que os meus olhos se depara
no litoral de são Francisco
onde o lamparão é um corisco
e o kabrunco perde a fala
o poema as vezes é sabre
lâmina fina como o vento
ou folhas suspensas
sobre um verde
quase água
quase pluma
levita sobrevoa se espraia
na voragem do dia
como os dedos da moça
ao atiçar o clic
no instante exato da fotografia
Artur Gomes
www.fulinaimicamente.blogspot.com
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
Tudo Arde - poema em construção
suspenso
no Ar
não penso
atravesso o portão da sua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício
como um pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício
Artur Gomes
leia mais no blog
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faroeste lamparão
para torquato neto – in memória
“agora não se fala mais
agora não se fala nada”
quando saí de casa
ia dar um tiro na cara do delegado
mas estava desarmado
estão me colocando em histórias
dos tempos do não sei onde
como se eu durando kid
comesse a filha do conde
nunca comi amarela
em cinema mexicano
muito menos a ruiva
do faroeste americano
disseram que eu tive caso de amor
que se tornou pernambucano
quando encontrei o poeta
no trailer do Ricardinho
foi me falando de mansinho
como se trampa uma batalha
pra não cair na armadilha
da grana palavra cilada
agora não se fala mais
agora não se fala nada
Artur Gomes Fulinaíma
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quando penso o que não posso
me dá um troço no desassossego
Artur Gomes
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Metáfora 1
no coração dos boatos
metáfora 1
suspenso
no ar
às
vezes penso
se
devo pensar tanto
como
uma poema de Mayakovisk
ela
um dia virá ao meu encontro
e
ressuscitará o poema que ontem não nasceu
a
vida é só flores ela me disse
clarice
em cada coisa
tem
o instante em que ela é
às
vezes também penso
ela
não virá
aí
vou para praça jogar milho aos pombos
ao
jardim zoológico dar comida aos patos
os
meus sapatos já conhecem os anos de espera
na
última primavera os lírios não nasceram
e
as rosas eram só espinhos
com
minha língua na faca cortei a fala
ainda
na garganta
e
fui pra sala afiar o taco
ela
não sabe que o vinho que guardei pra ela
é
de uma safra especial de Bacco
artur gomes
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edra de toque
quem viver verão
no verão a gente houve rock
viva jimmi hendrix janis Joplin
cazuza cássia eller luiz ribeiro
e tantos outros que nos deram o toque
Artur Gomes
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Bolero Blue
beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
Artur Gomes
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U V A
uva é raio de sol
que corrói a nossa pele
muito mais que a flor da pele
na navalha dos meus dentes
Artur Gomes
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Santa Clara
fosse
tudo natural
como sol no fim do dia
santa clara então seria
praia dos sonhos
- meu amor.
Artur Gomes
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