quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

no coração dos boatos


 o poema senhores

nem fede nem cheira

           Ferreira Gullar

 

a

 pedra no rio que não voa

se arrasta entranhada

       na alma da pessoa

          Rúbia Querubim

 

poema obsceno


toda manhã de domingo

faz-se um formigueiro

frente ao bar do local

para brigas de canários

 ou então papa capim

é o fim

manter pássaros presos

indefesos

em gaiolas de bambu

ou então de grumarim


Irreverência Ou Morte!

 há tempos não frequento

esse circo de cavalinhos

para me divertir

trepo na goiabeira do vizinho

 Gigi Mocidade

https://uilconpereira.blogspot.com/

 

 



o último goytacá

 

quando te tocar

é pra alvoroçar os teus cabelos

eriçar teus pelos

molhar os teus mamilos de saliva

com essa língua viva

 aqui na minha boca

 

o último goytacá

um feiticeiro – resistente

mastiga os mamilos da musa

armado de poesia até os dentes



 A Traição Das Metáforas 2

 

Hoje amanheci como naquela madrugada no hotel Dalonder procurando a estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco da cidade alta. tenho desejos de bento vinho uva sua carne trêmula pelos anos de esperar outubros novembro outro na porta do hotel tuas costas nua a contra luz frente a janela metáforas de fogo incendiando nossos medos tua língua nua molhada de cerveja na mesa de sinuca o segredo escrito em poesia sagrado tempo em que te dizer podia sem que ele rasgasse a página onde o poema estava escrito.

 

Federico Baudelaire

https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/



a musa do guarda chuva

 

a musa do guarda chuva não mora mais aqui nem desfila em minhas performances no teatro municipal baby magrelinha se mudou para Santo André depois da tarde de chuva era um sábado de tropicnAlices e Carolina na outra ponta do tapete todo grafado em poesia a orquestra tocou uma valsa dançamos a distância no meio do povo antes da chegada de Pirandello na voz de Monica Cardela ainda não havia O Homem Com A Flor Na Boca só algum tempo depois Cacá de Carvalho me apresentou na Sala Maria Antônia numa semana da USP tenho desejos de Sampa hoje amanheci com a traição das metáforas enroladas em minha garganta coloco o vinil na vitrola enquanto Cássia Eller me canta.

 

Artur Gomes Fulinaíma

https://arturkabrunco.blogspot.com/



gravura

 

jura secreta quase não escrita

como se ainda estivesse perto

sob os lençóis de linho

e o tinto vinho colorindo

nossas línguas

 

          Artur Gomes

https://fulinaimagens.blogspot.com/




se a clara fosse santa

e água fosse clara

não seria essa a imagem

que os meus olhos se depara

no litoral de são Francisco

onde o lamparão é um corisco

e o kabrunco perde a fala 


o poema as vezes é sabre

lâmina fina como o vento
ou folhas suspensas
sobre um verde
quase água
quase pluma
levita sobrevoa se espraia
na voragem do dia
como os dedos da moça
ao atiçar o clic
no instante exato da fotografia

Artur Gomes

www.fulinaimicamente.blogspot.com




                                         do som dessa palavra

nasce uma outra palavra

fulinaimicamente

no improviso do repente

do som dessa palavra

nasce uma outra palavra

fulinaimicamente


Tudo Arde - poema em construção

 

suspenso

       no Ar

não penso

atravesso o portão da sua casa

o corpo em fogo

a carne em brasa

tudo arde

nas cinzas das horas

no silêncio da tarde

vou entrando sem alarde

sem comício

como um pássaro

que acaba de cantar

em pleno hospício

 

Artur Gomes

leia mais no blog

https://fulinaimicamente.blogspot.com/


faroeste lamparão

para torquato neto – in memória

“agora não se fala mais
agora não se fala nada”

quando saí de casa
ia dar um tiro na cara do delegado
mas estava desarmado
estão me colocando em histórias
dos tempos do não sei onde
como se eu durando kid
comesse a filha do conde
nunca comi amarela
em cinema mexicano
muito menos a ruiva
do faroeste americano
disseram que eu tive caso de amor
que se tornou pernambucano
quando encontrei o poeta
no trailer do Ricardinho
foi me falando de mansinho
como se trampa uma batalha
pra não cair na armadilha
da grana palavra cilada

agora não se fala mais
agora não se fala nada

 

Artur Gomes Fulinaíma

www.arturkabrunco.blogspot.com




quando penso o que não posso

me dá um troço no desassossego

Artur Gomes

www.arturkabrunco.blogspot.com



Metáfora 1


no coração dos boatos

metáfora 1

 

suspenso no ar

às vezes penso

se devo pensar tanto

como uma poema de Mayakovisk

ela um dia virá ao meu encontro

e ressuscitará o poema que ontem não nasceu

a vida é só flores ela me disse

clarice em cada coisa

tem o instante em que ela é

às vezes também penso

ela não virá

aí vou para praça jogar milho aos pombos

ao jardim zoológico dar comida aos patos

os meus sapatos já conhecem os anos de espera

na última primavera os lírios não nasceram

e as rosas eram só espinhos

com minha língua na faca cortei a fala

ainda na garganta

e fui pra sala afiar o taco

ela não sabe que o vinho que guardei pra ela

é de uma safra especial de Bacco


artur gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com




edra de toque

quem viver  verão

 

no verão a gente  houve rock

viva jimmi hendrix janis Joplin

cazuza cássia eller luiz ribeiro

e tantos outros que nos deram o toque

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com 



Bolero Blue


beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com



U V A


uva é raio de sol
que corrói a nossa pele
muito mais que a flor da pele
na navalha dos meus dentes

Artur Gomes
https://www.facebook.com/arturgomespoeta?fref=ts




Santa Clara

fosse
tudo natural
como sol no fim do dia
santa clara então seria
praia dos sonhos
- meu amor.

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com

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