terça-feira, 30 de agosto de 2022

pedra pássaro


Itabapoana Pedra Pássaro

                       Pedra Que Voa

 

não sei se escrevo

ou mando um chocolate

      pra Fernando Pessoa

 

a pedra de Drummond

também passeia por aqui

                     enquanto voa

 

Itabira

Itaocara

Itabapoana

 

3 pedras no poema

uma pedra por  semana 


As primeiras praias que conheci na minha infância, foram Guaxindiba e Atafona. O nome Guaxindiba sempre me despertou curiosidade, e só na minha adolescência vim saber se tratar de um nome de origem indígena. (Tupi, que significa "planta aquática de beira de rios". )



uma metáfora

não é apenas uma metáfora

quando a pedra é pássaro

 

caranguejos passeiam

sobre pneus

carcaças de geladeiras

                     almofadas

 

              Bracutaia

eterna lenda

estranho pássaro

da pedra ouviu o grito 

e voou de Gargaú

        pro  infinito

 

em Gargaú

as garças voam

às 5 horas da tarde

para o outro lado da pedra

em Guaxindiba

tenho em mim

que pássaros voam

e peixes nadam

para o pouso que procuram 


o grito do goytacá

ainda ecoa

a cidade é pedra

mas o pássaro voa


em Manguinhos

uma pedra sustenta o Cristo

dentro d´água

pintando o  sete  

Macunaíma no coreto

sem orçamento secreto

 

Redentor em 2017 me viu

falando poesia na praça

o concreto da metáfora

é que o poeta sempre foi

e sempre será a antena da raça

 

esse teu olho que me olha

azul safira ou mesmo verde

esmeralda fosse – pedra

pétala rara carne na matéria doce

 

ou mesmo apenas fosse

esse teu olho que me molha

quando me entregas do mar

toda alga que me trouxe

 

barrinha

buena

tatagiba

guriri

tanto mar e uma lagoa doce

também deságua dentro aqui

 

beijo a boca da barra

o poema fala a palavra

barco

atravessa o espelho d´água

pedra que flutua

procurando os peixes 


Gargaú

do lado direito rio paraíba do sul

que desce da serra da bocaina

no estado de São Paulo

pra beijar o Atlântico

no Pontal de Atafona

em São João da Barra

 

na outra ponta do litoral

o espírito Espírito Santo beija a Barra

Itabapoana

logo ali em frente Iriri – onde

Rúbia Querubim encontrou seu ninho

pássara que migou de Rio das Ostras

estrela do mar fala com as pedras de sal

recolhe o tempo na ampulheta

e sussurra poesia nos ouvidos de Anchieta 


Marçal Tupã

o grito goytacá ainda ecoa

 

meu coração marçal tupã

sangra tupy & rock and roll

      meu sangue tupiniquim

      em corpo tupinambá

    samba jongo maculelê

       maracatu boi bumbá

a veia de curumim

é coca cola e guaraná

 


sagaraNAgens fulinaímicas 

guima 
meu mestre 
guima 
em mil perdões eu vos peço 
por esta obra encarnada 
na carne cabra da peste 
da Hygia Ferreira bem casta 
aqui nas bandas do leste 
a fome de carne é madrasta 

ave palavra profana 
cabala que vos fazia 
veredas em mais Sagaranas 
a Morte em Vidas/Severinas 
tal qual antropofagia 
teu grande Sertão vou cumer 

nem João Cabral Severino 
nem Virgulino de matraca 
nem meu padrinho de pia 
me ensinou usar faca 
ou da palavra o fazer 

a ferramenta que afino 
roubei do mestre Drummundo 
que o diabo GiraMundo 
é o Narciso do meu Ser 

 

 Artur Gomes

do livro SagaraNAgens Fuliaímicas

Editora Penalux - 2015

 leia mais no blog

https://fulinaimagens.blogspot.com/


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