dela
tenho o nome
um nome é muito mais que um nome uma sílaba aberta quando o
sobrenome é também feliz semântica
abstrata ou muito mais concreta quando além do corpo muito além me diz estando em mar de minas fosse espírito santo tiradentes barbacena desventra entre montanhas a fala no silêncio desde que a mãe se foi e nenhum deus te fala o quanto o ser menina em
minha íris/retina ecoa a voz que cala por
dez anos depois.
SagaraNAgens Fulinaímicas
guima
meu mestre guima
em mil
perdões eu vos peço
por
esta obra encarnada
na
carne cabra da peste
da
hygia ferreira bem casta
aqui
nas bandas do leste
a fome
de carne é madrasta
ave
palavra profana
cabala
que vos fazia
veredas
em mais sagaranas
a
morte em vidas severinas
tal
qual antropofagia
teu
grande serTão vou cumer
nem
joão cabral severino
nem
virgulino de matraca
nem
meu padrinho de pia
me
ensinou usar faca
ou da
palavra o fazer
a
ferramenta que afino
roubei
do meste drummundo
que o
diabo giramundo
é o
narciso do meu Ser
EntreDentes
queimando em mar de fogo me registro
lá no fundo do teu íntimo
bem no centro do meu nervo brota
uma onda de sal e líquido
procurando a porta do teu cais
teu nome já estava cravado nos meus dentes
desde quando Sísifo olhava no espelho
primeiro como mar de fogo
registro vivo das primeiras Eras
segundo como Flor de Lótus
cravado na pele da flor primavera
logo depois gravidez e parto
permitindo o Logus quando 0 amor quisera
Esfinge
o
amor
não e apenas um nome
que anda por sobre a pele
um
dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome
é que a flor da tua pele
consome a pele do meu nome
cravado
espinho na chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
clarice/beatriz
assim
vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nosso profanos segredos
se um
dia falta coragem
a noite sobra do medo
é que
na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente
o
nome tem seus mistérios
que se escondem sob panos
o sol
e claro quando não chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve
o mar
que vai e vem
não tem volta
o
amor é a coisa mais torta
que mora lá dentro de mim
teu céu da boca e a porta
onde o poema não tem fim
Artur
Gomes
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despejo
“Se morar
é um direito ocupar é um dever.” (MTST)
a polícia se aproxima
há que expulsar os invasores
que voltem às ruas
aos vãos das pontes
morar não é para amadores
foi breve a esperança
dos sobrantes
e longa a noite de maldades
há um rastro de guerra pelas ruas
e um choro miúdo se perde
entre ruínas
o pavor já silencia
alguns não morrem
sob as patas dos cavalos
Helena
Ortiz
eco
sistema
o
que fazem partidos políticos, governantes e populações em gerais no planeta
pela sua preservação? apesar dos discursos e das anunciadas ações estratégicas,
muito mais como forma de conquistar votos e simpatizantes para os seus quadros,
a verdade é que de ações concretas, pouco se faz, e o estado ambiental do
planeta é de degradação total.
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Ele
Bebe Toró
Um teleférico de gotinhas empapa o fio e ruma
pro telhado contíguo.
Todas as tardes minha lage vira lagoa
Aí começa explosão de bomba no infinito,
E vem clarão, e vem trovão partido, cismado numa
quebradeira de ar
Onde já se ouviu?
Vieram a nascer só pra som
Foi daí que veio o som:
desse estrondo rasgado, ameaçando deixar o firmamento em dois
Depois do susto, tudo o que é animado, até o
parado, dito sem vida, mineral, o elemento que for trata de pôr-se em
colaboração:
Vento sonoro nas lascas de frincha de casa,
Nos conjuminados de concreto espaçados um dedo de assobio só algazarrar em
tarde ruidosa.
Farfalha baderneiro o pé de amora e de tanto
balanço, cheio de vestígio, ameaça desplantar, correr pra outro lugar.
Tinha folhagem, por trás da guarimã, que corria
Coloquei atenção e vi: elas caminham.
Pensei fossem grudadas na terra. Engano.
Tramóia.
Com evento relampejado e perigoso
põem-se num deslocado alvoroço
Rodam com chocalhos,
Riem,
Rebolam verdes penteados
Muitas aproveitam a liberdade,
O fechar de janelas,
O escondido dos humanos podadores e namoram.
É um fornicalho
Lambuzam-se embebidas n`água
Soltam folhas, gemidos,
quebram galhos,
amontoam-se, misturam espécies.
Mas não acasalam, pura farra, sem vergonhice
É tanta dança; talvez pra compensar outros dias de fixidez.
Sei que as gotas estouram,
Podiam escorrer viscosas, mas não,
Cantam, colaboram com a tempestade sinfônica
Estalidos miúdos,
Somados,
Multiplicados,
Virando multidão,
A gota torna grossa a chuva,
Música em telha de barro,
Aposta corrida e salta da lage e
junta de outras,
coladas as gotas,
velozes,
audíveis de longe,
já são enchurrada.
Corre, corre, empurra, empurra,
faz piscina e rodela a ciscar no bueiro
Som, ação, colaboração,
Participo da festa,
Pisco os olhos pra melhor escutar,
Cuspo na lagoa,
Uma gota,
Meu
Estrondo,
agora SOU TEMPESTADE!
Luciano
Carvalho – SP
Poema Vencedor do V FestCampos de Poesia Falada – 2004
era uma vez eu sempre quis
ele não queria
foi a primeira vez
na sala de teatro
me deflorou com os olhos
me levitou no mar
Guarapari quem dera
fosse marés em calmaria
era tudo tempestade
ondas de sal suor na pele maresia
me entregava feito arraia
ele se fechava como ostra
me esfregava em seus
mistérios
dentro em sua concha de
escrúpulos
me entranhava em seu
novelos
até que hoje em meus
silêncios
meu cio venceu teus zelos
e o mar é nosso casa
dentro e fora em nossas
águas
me devora como brasa
e recompõem meus
desmantelos
Gigi
Mocidade
www.personasarturianas.blogspot.com
“Eros e Psique”
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
Do além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino –
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
o vestido branco transparente que vasa na noite de lua todo raio do relâmpago luz de fogo e trovoada era noite de outono 21 de março como se fosse hoje e sob as rendas brancas ela me mostra os poros como se fossem pelos num sinal de alerta me avisando sobre a porta entre/aberta e nos porões da pele me convidasse entrar
Federico Badudelaire
www.coletivomacunaimadecultura.blogspot.com
Espanhola
Por tantas vezes
Eu andei mentindo
Só por não poder
Te ver chorando
Te amo Espanhola
Te amo Espanhola
Se for chorar
Te amo
Sempre assim
Cai o dia e é assim
Cai a noite e é assim
Essa lua sobre mim
Essa fruta sobre o meu paladar
Nunca mais
Quero ver você me olhar
Sem me enxergar em mim
Eu preciso lhe falar
Eu preciso tenho que lhe contar
Te amo Espanhola
Te amo Espanhola
Se for chorar
Te amo
Te amo Espanhola
Te amo Espanhola
Pra quê chorar
Te amo
Sá e Guarabira
Clic no link para ver o vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=aV3CVZsE5_g
as letras
dançam na retina vertigem delírio alucinações íris dandara a carne de segunda nesta
manhã/domingo descasco ovas de guaiamuns
encarceradas onde a barra fede recife marés e rios de promessas argamassas no
abstrato que não se concreta mesmo fosse essa jura em linha reta meu coração
não é balcão de negócios nem recipiente para pílulas de auto/ajuda meu
coração vadio leviano um tanto quase
enganador anda sempre no cio até sangrar
o amor da caça quando se teima em caçador por tanta sede fome no desejo de
matar
Federika
Bezerra
www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com
esta noite vou roubar tua boca e falar por entre teus dentes e língua me apossar do teu silêncio da tua alma do teu corpo antes do amanhecer já te terei em mim em cada músculo ainda vivo em cada poro entre teus pelos minha língua os meus dentes minhas unhas nada ficará em teu corpo que não seja eu em cada coisa que o instante é eu quero estar em tua coisa já
Federika
Lispetor
FAÇA SOL OU FAÇA TEMPESTADE
faça sol ou faça tempestade,
meu
corpo é fechado
por esta pele negra.
faça
sol ou faça tempestade,
meu
corpo é cercado
por estes muros altos,
— currais
onde ainda se coagula
o sangue dos escravos.
faça
sol
ou
faça tempestade,
meu corpo é fechado
por esta pele negra.
Adão Ventura
Do
livro A Cor Da Pele
Minh’alma, de sonhar-te, anda
perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !
Não vejo nada assim enlouquecida
...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !
"Tudo no mundo é frágil,
tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !
E, olhos postos em ti, digo de
rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."
Fulinaíma MultiProjetos
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