Tem coisas que só
as bruxarias explicam
Quem me conhece pelo menos um pouco, e já leu Serafim Ponte
Grande, de Oswald de Andrade,
sabe muito bem o porque da minha paixão por este personagem. O vejo como um Artur Gomes cagado e cuspido. Ali me
encontro em tudo dele, as putarias, as sacanagens, inclusive também a
profissão, tipógrafo de uma repartição
pública.
Quase todas as pessoas que tem acesso a minha escrita, cita Oswald, como uma de minha referências,
e está corretíssima a afirmação, pois desde 1983 quando criei a Mostra Visual de Poesia Brasileira, com
o objetivo de pesquisar e mostrar a produção poética contemporânea, em todas as
suas multi facetas e multi linguagens, Oswald
é um dos poetas que até hoje povoam o meu imaginário e permanece em minhas
camas do desassossego.
Ainda hoje
26 anos depois
meu barco veleja em ventanias
no caos sem porto
furacão dentro de mim
como se ainda fossem
fogueiras
nos Retalhos Imortais do SerAfim
Dia desses muito antes de ser anunciada essa premiação, estava
pensando a semana de 22, e refletindo sobre os 100 anos dela em 2022, que bate
a nossa porta com todas essas dúvidas que pairam no ar. Escrevi esse poema
acima, e nele a afirmação de ter em Oswald
de Andrade o meu espelho.
Me lembro que, na semana de 1922, Fulinaíma, irmão de Macunaíma, teria fugido numa caravana, escondido
no capô do carro do Oswald de Andrade.
Dizem que este foi um dos motivos pelo qual Mário de Andrade (autor de Macunaíma e suposto criador de Fulinaíma) e Oswald, tiveram uma briga fenomenal. 100 anos depois, o único
descendente direto da linhagem de Fulinaíma
é o poeta Artur Fulinaíma,
vulgo, Artur Gomes e que, por ironia
do destino, acaba de ganhar o prêmio Oswald
de Andrade, confirmando assim, a tese de que, segundo diria Vitálitas Maritákis, poeta e pensador
grego (Tessalônica 1902), ainda vivo.
Esse, talvez seja, o mais importante prêmio literário do
Brasil, o que nos faz felizes por saber que a semente fértil de 1922 ainda
graça nos jardins poéticos de Campos dos Goytacazes e São Francisco de
Itabapoana.
*
* Tartufo de Hollanda -
Crítico, especializado na obra de Vitálitas Maritákis, poeta e crítico grego,
nascido em 1902 e ainda vivo e lúcido.
O destino reservou a Artur
Gomes o prêmio, que leva o nome do seu "salvador” Oswald de Andrade.
Artur Gomes