a mulher do tempo
linda felina de fellini
que o meu olho felino
descobriu
extasiado me pergunto
:
quem foi o grande zeus
que inventou
ou foi a mãe de eros
que pariu
Federika Bezerra :
A Porta Bandeira
Que BorTou Olivácio Doido
Em mil novecentos e vinte e cinco
na noite de orgias satanazes
um raio de trovão incandescente
rachou a igreja em Goytacazes
um vulto do despacho então desceu
movido por farol de grande luz
tocou na pedra quebrou cruz
a Rainha do Fogo dessa gente
Federika de ouro azul e prata
na porta da igreja foi parida
criada pelo Padre Olivácio
que logo depois lançou na vida
aos cindo de idade encantada
foi pega masturbando em sacristia
por causa de um sonho com o príncipe
DuBoi da mais sagrada putaria
Expulsa da cidade foi pra longe
cresceu entre os jardins de JardiNÓpolis
mas se você pergunta Freud Explica:
- o seu palácio agora é em Petrópolis
Aos dezenove plena de alegria
conheceu Gigi da Bateria
na porta do Beco de Satã
na festa federal do Bar da Lama
a Deusa dos Lençóis de toda cama
sorrindo para ver como é que fica
dá um corte na história inverte o drama
e transforma Ouro Preto em Vila Rica
e assim vamos cantar em verso e prosa
a saga dessa Deusa Iansã
que em busca da mordida na maçã
sonhava encontrar Guimarães Rosa
Viemos do SerTão para os seus braços
porque a Mocidade Independente
é a mais fina e pura Flor do Lácio
afilhada do secular Padre Miguel
e fiel ao seu pai Padre Olivácio
e para completar a grande roda
trazemos o cacique Pau BraZil
o centenário Oswald de Andrade
filho da paulicéia que pariu!
Passando pelas bandas do Catete
dançando na maior intensidade
macumba com o índio brasileiro
nossa Ex-Cola campeã da liberdade
Federika engravidou o grafiteiro
do famoso cacete Samaral
que escrevia pelos muros da cidade:
Mocidade já ganhou o Carnaval!
e assim vamos cantar na grande roda
tudo o que deu e o que não deu
o dia que um presidente collorido
pensou ser pai de santo e se fudeu!
Artur Gomes Gumes
O homem com a flor na boca
www.arturfulinaima.blogspot.com
O Homem Com A Flor Na Boca
Baudelíricas Baudeléricas
o poema um beijo em tua boca bruna tem um B entranhado entre as coxas a pele das amoras gemem quando venta forte em tuas fêmeas hoje comi duas nessa manhã incendiária quando vim da cacomanga trouxe nos bolsos da calça remendada linha carretel cola de trigo cerol bambu papel de pipa pique bandeira pique esconde jabuti preá da índia pés de abóboras replantáveis o pé de abacate ainda não nasceu Isadora chegou ontem 30 de março numa tarde outono à sol aberto noite gelada frio na medula maya ainda escreve sobre depressão no tempo falks may abriu as asas pra malásia e a outra mora do outro lado em outra terra rio grande muito longe tenho sede
Federico Baudelaire
https://www.facebook.com/federicoduboi
duas rosas vermelhas
em mim significam
tudo aquilo que o oculto
ainda me diz
metáfora lírica que me vem
dos olhos dela
a flor mais bela
que me pinta em aquarela
no engenho do encantado
e
me visita na janela
quando meu sonho é acordado
experimentar
o experimental
da poesia ao Audiovisual
pele grafia
meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento
o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
viagens insanas ao coração do mato dentro
visite curta compartilhe com os amigos
https://www.youtube.com/user/cabanagaivotas/videos
dédalos
para Alberto Bresciani
e o seu magnífico Hidroavião
O poeta pesca peixes
na floresta de concreto
lâminas de cimento
há séculos
não está pra peixe este mar
aqui redes em pânico
pescam esqueletos no ar
linhas de naylon
degolam tartarugas
que morrem náufragas
na av. atlântica
o poeta cata os cacos que restaram
desta pátria desossada
Artur Gomes
https://www.facebook.com/ohomemcomaflornaboca
A Traição das Metáforas
nesta última segunda tive um encontro rápido com Adriano Moura em Campos para entregar-lhe o livro O Poeta Enquanto Coisa, do meu pai Artur Gomes. Conversa vai conversa vem ele me disse: - estou me deliciando com a leitura de O Homem Com A Flor Na Boca, o prefácio já está quase pronto, falta penas uma revisão.
e continuou: - Seu pai é louco, essa coisa de ficar inventando personagens femininos, no fundo é vontade de ser mulher.
Verdade, no fundo todo homem gostaria de ser mulher. Eu se fosse, seria das mais vadias, e iria ensinar pra DarMares como é trepar na goiabeira, ia dar pra torto e a direito, mas só para os homens que eu escolhesse, ia ser de todos e ao mesmo tempo de ninguém.
Lembrei-me até de uma música do meu querido amigo Carlos Careqa – Eu Não Sou Filho de Ninguém.
Meu pai tem lá os seus motivos para a criação dos seus personagens femininos, mas eu não sei quais, quando ele me criou Gigi já existia, Federika, Lady Gumes, Macabeia também. O único que ele criou depois de mim foi Rúbia Querubim, que acho deve ser filha dos seus Retalhos Imortais do SerAfim.
Aí só quem pode esclarecer isso verdadeiramente é Silvia Passarelli, Dalila Teles Veras, César Augusto Carvalho, Fil Buc, Flora Buchaul, os primeiros porque são amigas e amigos dele lá dos tempos de BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas, e os dois últimos porque são também filhos dele mais velhos que eu. Acho também que essa criação se deve muito ao convívio dele com Uilcon Pereira, que eu não conheci, mas quem o conheceu diz que foi um mestre em criar personagens.
Com quem tenho contato mais de perto mesmo é com Gigi, e pedindo o voto de todos para me tornar o Bispo da Igreja Universal do Reino de Zeus, dia 31 de dezembro, porque só assim Gigi se entregará aos meus braços famintos de prazer.
Federico Baudelaire
www.braziliricapereira.blogspot.com
lavra palavra
cine vídeo com poema de Artur Gomes
do livro Juras Secretas filmado no sítio histórico de São Pedro de Alcântara – Bom Jesus do Itabapoana-RJ – que esta semana dedico a minha querida amiga Simone Bacelar pelo belíssimo trabalho que fez com a minha produção poética para o seu maravilhoso projeto LêPoesia
câmera: Fabíola Gomes –
edição: Federico Baudelaire
clic no link para ver o vídeo
https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/1761159630645616
Retórica 67
com os dentes cravados na memória
No dia 21 de maio de 1967, por obrigação de "servir à pátria" fui apresentado ao Quartel de Cavalaria de Guarda - Dragões da Independência, na época situado na esquina das ruas Pedro II com Figueira de Melo, em São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro.
A primeira coisa que ouvimos da boca do então coronel, João Batista de Oliveira Figueiredo, numa na manhã de 22 de maio, é que estávamos ali para aprender "lições de guerra", e “ajudar o país a se livrar dos comunistas” que estavam invadindo o brasil.
Logo de cara, fomos apresentados a 3 lições de guerra: educação moral e física, equitação e exercícios com tiro de mosquetão. Mosquetão era um fuzil primitivo, que só atirava com uma bala, e quando disparava se o cabo não estivesse muito bem acoplado ao corpo, poderia até deslocar a clavícula, devido ao forte coice que dava para trás.
Na educação física, não tive muitas dificuldades, pois havia passado 4 anos fazendo o curso ginasial na Escola Técnica de Campos, onde a prática de educação física era bem puxada, eu ainda fazia atletismo, corrida de 800 metros e jogava futebol de salão. Tinha um corpo físico bem preparado para as aprendizagens de guerra.
Na equitação também não encontrei problemas, pois nasci e fui criado numa fazenda, onde cavalgar era um exercício praticamente diário. Além das cavalgadas dentro do próprio quartel, muitas vezes éramos deslocados até a Quinta da Boa Vista, para praticarmos uma equitação entre diversos obstáculos, como por exemplo uma corrida de velocidade que fazíamos dentro de uma espécie de pântano, que foi preparado pelo quartel dentro da Quinta com essa finalidade.
Em dezembro de 1967, fomos levados para Brasília, para trabalhar de graça para o exército no término da construção do quartel, que ainda não havia sido construída. Foi feita uma espécie de triagem entre nós "soldados", no sentido de descobrir as habilidades funcionais de cada um. E assim foi descoberto, entre nós, pedreiros, carpinteiros, pintores de carros e de paredes, cozinheiros, mecânicos, motoristas, lanterneiros.
Eu não me enquadrava em nenhuma dessas funções, tinha duas outras: Linotipista que aprendi na Oficina de Tipografia da Escola Técnica de Campos, quando de 1961 a 1964 fiz o Curso Ginasial, e, datilografia que aprendi no escritório da Cia Cerâmica Cacomanga, na fazenda em que nasci, e nesse escritório trabalhei dos 16 aos 18 anos, até a véspera de embarcar para o Rio de Janeiro.
Em Brasília passei então a ser o datilógrafo, do gabinete do sargento Ramirez, um gaúcho simpático que conseguiu fazer amizade com a maioria dos soldados do seu esquadrão. Em maio de 1968, depois de um ano exato, veio a nossa baixa. E pela manhã fomos todos chamados ao gabinete do coronel João Batista de Oliveira Fiqueiredo, para pegarmos os nossos certificados de reservista.
Quando ele me viu, perguntou: "você não quer continuar no exército para fazer carreira militar"? De imediato me veio a mente, as medalhas que até hoje trago nas canelas, resultado dos bicos das botinadas que levei, nas formaturas, por estar com as barbas mal feitas ou o uniforme mal passado.
Respondi então: não senhor, gosto de cavalos, pois nasci numa fazenda, e sei lidar com eles muito bem, mas gosto mais de gente. Ele me entregou o certificado com a cara amarrada, e comentou: "nós ainda vamos acabar com esses comunistas".
Pois bem, logo voltei ao meu torrão natal, em maio de 1968, e em julho deste mesmo ano fui contratado para substituir o linotipista da já então Escola Técnica Federal de Campos, que havia se aposentado. No início dos anos 1970, comecei dentro da Oficina de Tipografia da ETFC, comecei a publicar meus primeiros atentados poéticos.
Logo depois começaram minhas travessias para a Música em 1974 e para o Teatro em 1975. Toda repressão que havia sofrido naquele período de 67 a 68, começava então a explodir no inconsciente e transbordando da língua para a fala. Em 1985, portanto, 18 anos depois publico este poema no livro Suor & Cio.
cacomanga
ali nasci
minha infância
era só canaviais
ali mesmo aprendi
a conhecer os donos de fazenda
e a odiar os generais.
E nesses 53 anos passados, o que mudou nesse país? Muitas vezes penso que o comunismo deve ser um super-herói, um mito, um cara da pesada, porque os milicos continuam até hoje querendo derrotá-lo, e cagam de medo dele.
Eu, hoje vivo aqui cuidando da minha Estação 353, das minhas plantações de aipim, manga, amora, laranja, mamão, pitanga, pinha, acerola, cana caiana, siriguela, banana, limão, jabuticaba, saião, alfavaca tomatinho e hortelã. molhar, capinar, plantar minha tarefa todo dia para o corpo e mente sã. e como bom comunista que sou, rogo a zeus que chova logo, para que o milharal cresça verdinho, porque não sabemos até quando teremos pão para o café do amanhã.
E eles? continuam armados e mal(amados) a caçar os comunistas e a querer comprar deus e o mundo para proteger seus crimes de estelionato eleitoral, contaminados pelo fascismo, homofobismo, racismo, neo nazismo, feito vermes agindo para a proliferação do vírus dessa pandemia.
Artur Gomes
o homem com a flor na boca - livro inédito
Artur Gomes
FULINAIMAGEM
www.fulinaimagens.blogspot.com
Fulinaíma MultiProjetos
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o vôo
de Heras
EvoEros
enquanto espero
outras Eras
primasVeras nesse quase verão/inverno
que me tire desse purgatório
nó da gravata
quase mesmo inferno
nos abismos desse terno
recortado por Gamboa
mas não sou Pessoa
dessa pedra Itabira
esse pó quase me pira
muritiba muquirana
Itabapoana não me engana
Macunaína ainda vive
nas favelas de Copacabana
Federico Baudelaire
leia mais no blog
Drummundana Itabirina
essa dica não é minha
dia 11 de outubro
a Nação Goytacá
vai Balburdiar
na CasAmarÉlinha
V(l)er mais no blog
jogo de dadaísta
não sou iluminista/nem pretender
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca/negra
amar/ela vermelha verde
ou cafusa
eu sou do mato curupira carrapato
eu sou da febre sou dos ossos
sou da lira do delírio
e virgílio é o meu sócio
pernambuco amaralina
vida leve ou sempre/vida severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina
devorar é minha sina
profanar é o meu negócio
Artur Gomes
Juras Secretas
leia mais no blog
https://secretasjuras.blogspot.com/
clique no link para v(l)er o vídeo filmado em Gargaú por
Letícia Rcha com trilha sonora de Fil Buc
https://www.youtube.com/watch?v=szABRGqMqH8&t=10s
No próximo vinte e dois deste setembro dois mil e vinte e
cinco finco os olhos na tela do ArteCult.com para v(l)er por onde andará
Macunaíma?, coluna assinada pelo “bardo da cacomanga”. E por onde andará
Macunaíma? Pelo polo sul ou norte? Ainda andará nos traços a lápis de José César Castro, o fógrafo/desenhista que não é casto? Talvez com um pouco de sorte nos encontremos com
ele naquela preguiça boa, escre/vivendo/falando poesia pelo litoral de São Francisco
onde Itabapoana agora é pedra que voa.
Artur Gomes (Campos dos Goytacazes-RJ, 1948) é poeta, ator, produtor cultural e vídeo maker, com mais de cinco décadas de intensa atuação nas artes. Criador de projetos que marcaram a cena literária e audiovisual brasileira, como o FestCampos de Poesia Falada e a Mostra Visual de Poesia Brasileira, Artur construiu uma trajetória que une poesia, performance e experimentação multimídia.
Em 2019, lançou o Sarau Balbúrdia PoÉtica, que se tornou um espaço vibrante de celebração da poesia falada e da performance, circulando por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Cabo Frio e Campos dos Goytacazes. O projeto já realizou onze edições, incluindo participações em eventos de grande destaque, como a Bienal do Livro de Campos, e contou com apoio de instituições culturais e do portal ArteCult.com
Autor de mais de 15 livros publicados, entre eles Juras
Secretas (2018), Pátria A(r)mada (2019, Prêmio Oswald de Andrade/UBE-Rio) e O
Homem Com a Flor na Boca (2023), e Itabapoana Pedra Pássaro Poema (2025). Artur
segue produzindo intensamente e difundindo a literatura contemporânea. Mantém o
blog Nação Goytacá, https://arturgumes.blogspot.com/
onde reúne a série TransPoÉticas – Coletânea de Poetas Vivos, reafirmando seu papel como articulador cultural e voz ativa da poesia brasileira.
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes – instagram