tirar leite das pedras
plantar flores no deserto
talvez seja esta a minha sina
colher a lírica
na argamassa do concreto
na pele dos
teus dedos
meu barato
metáfora
meta dentro
meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina
com facho de fogo na retina
pra clarear o fosso escuro
ma cum ba
abaráebóubu axé babá
nacarnavalha dos tambores
o corpo incorpora o
tempo/dança
a língua de exu
lambe as coxas de
yansã/menina
os pelos/púbis ossanha
embaixo dos tecidos
palavra líquida lavra pelas
pernas
Eros eletrizando peles
bocas pelos
gritos
enquanto o rito segue
seus ancestrais preceitos
ma cum ba no meu peito
xangô meu feiticeiro
oxum
encanto tantas línguas
cantam pra tirar
quebrando
de algum corpo nem santo
quando ogum vem pro terreiro
Itabapoana
Pedra Pássaro Poema
próximo e-Book – lançamento em maio
era uma vez um mangue
por onde andará Macunaíma?
na tua carne no teu sangue
na medula no teu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do teu pescoço?
Guaxindiba Gargaú
será que existe algum resquício
do mato da lama do mangue
da lenda da Moça Bonita
a prima de Macunaíma
nas veias dessa América do Sul?
Artur Gomes
Itabapoana
Pedra Pássaro Poema
https://porradalirica.blogspot.com/
aproveite todos os mariscos
corais arraias estrelas do mar
faça da areia da praia ninho e leito
que o melhor do amor
é
à luz da lua se entranhando em cada peito
Federico
Baudelaire
https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/
entre os lençóis
o outubro
me deixou no tudo nada
a luz branca sem sono
em nossos corpos de abandono
ela arquitetava uma nesga
entre as frestas da janela
luz do luar nos olhos dela
girassóis em desmantelos
por entre poros entre pelos
minhas unhas tuas costas
Amsterdã nos teus cabelos
o que Van Gog me trazia
era branca noite de outono
que amanheceu sem ver o dia
nossos corpos estavam banhados
de vinho tinto e poesia
Artur Gomes
Do livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
Jura secreta 57
meta metáfora no poema meta
como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico prumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste
como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em prumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece
Artur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux- 2018
leia mais no blog - https://secretasjuras.blogspot.com/
cacomanga
na roça desde cedo comecei a escavar
palavras e separar uma das outras de acordo com o seu significado dar farelo de
milho para os porcos e olhadura de cana para o gado aprendi que no terreiro não
dependo de mercado e para que urbanidade se a cidade não tem paz com a enxada
capinei a liberdade e descobri que ditadura é uma palavra que não cabe nunca
mais
Artur Gomes
Pátria A(r)mada
1ª Edição – 2019
Prêmio Oswaldo de Andrade – UBE-Rio –
2020
2ª Edição – 2022 – Desconcertos
Editora-SP
Leia mais no blog
https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/
olho de lince
para Tchello d´Barros
onde engendro
a Sagarana
invento
a Sagaranagem
entre a vertigem
e a voragem
na palavra
de origem
entre a língua
e a miragem
São Bernardo e Diadema
mordendo: o vírus da linguagem
no olho de lince do poema
Artur Gomes
Pátria A(r)mada
2ª edição revista e ampliada
Desconcertos Editora - 2022
leia mais no blog https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/
A vida sempre em suspense
alegria prova dos nove
fanatismo não me convence
muito menos me comove
Artur Gomes
Foto.Poesia
https://www.facebook.com/cinevideocurtas
Porque ninguém é de ferro
muitas vezes
descrevo minha musa
num poema menos lírico
mais intenso
mais irônico menos penso
muitas vezes
quero estar em alfa
mas estou em beta
a massa do abstrato
na argamassa do concreto
minha musa é linha curva
não poema em linha reta
Artur Gomes
Leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
poema
4
meus olhos
atravessam
as lentes - o peixe
e caminham em
direção a luz
que está do outro
lado
o infinito
que me espera com
seus
olhos d´água
ela virá com sua
boca
de batom marrom
vermelho
e eu espero
com minhas 7
línguas
atrás da porta
com o mel e o
veneno
a pimenta e o
azeite
vamos devorar o peixe
no caldeirão
incandescente
em nossas línguas
só flechas - o fogo
a águardente –
Artur Gomes
O Homem Com A Flor
Na Boca
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
LENÇÓIS DE RENDA
poderia abrir teu corpo
com os meus dentes
rasgar panos e sedas
com as unhas
arreganhar as tuas fendas
desatar todos os nós
da tua cama arrancar os cobertores
rasgando as rendas dos lençóis
perpetuar a ferro e fogo
minhas marcas no teu útero
meus desejos imorais
maldizendo a hora soberana
com a força sobre humana dos mortais
quando vens me oferecer migalha e fruto
como quem dá de comer aos animais
Artur
Gomes
Pátria A(r )mada
2ª Edição
Desconcertos Editora – 2022
https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/
Jura Secreta
não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse e eu não falasse
com esse punhal de prata
o sal sob o teu vestido
o sangue no fluxo sagrado
sem nenhum segredo
esse relógio apontado pra lua
não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse eu não dissesse
essa ostra no mar das tuas pernas
como um conto do Marquês de Sade
no silêncio logo depois do susto
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
https://secretasjuras.blogspot.com/
por um poema
que desconcerte
entorte
desconforte
arrombe a porta
dos céus
da tua boca
arranhe os dentes
da loba
arrebanhe os cordeiros
no pasto
e lhes ensine
a subverter
as ordens do pastor
assumo o risco
não sou demo
nem corisco
eu sou cantor
Artur Gomes
O Poeta Enquanto
Coisa
Editora Penalux –
2020
https://secretasjuras.blogspot.com/
Fulinaíma MultiProjetos
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