Mostra Cine Vídeo – Curtas Cinema Ambiental
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uma câmera nas mãos
um poema na cabeça
vamos filmar o poema
antes que desapareça
Muito em breve ao vivo na AMPAMAC - Associação de Moradores do Macuco com
Oficinas de Teatro Fotografia Produção Audiovisual e Educação Ambiental
fulinaimagem
por enquanto
não vou revelar nosso segredo
nem falar nosso passado
sobre o beijo
que escorreu para o esgoto
e nosso corpos
despedaçados no asfalto
Artur Gomes
do livro inédito
FULINAIMAGEM
alguma poesia
não bastaria a poesia deste bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.
não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.
não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.
não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e um cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hipermoderno
num corpo de anjo
que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos
não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:
um bondinho aterrissando lá na Urca
e esta cidade deitando água
em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus
ossos.
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